quarta-feira, 8 de abril de 2009

Filme que não foi feito rouba cena no Metrópolis





Por Anderson Cacilhas



A primeira noite da Mostravídeo Itaú Cultural foi palco para um filme “não realizado”. "Ação e Dispersão", de Cezar Migliorin, foi a melhor película exibida entre filmes pouco empolgantes e que, em alguns casos, perderam a oportunidade de causar furor na platéia.



O filme de Migliorin é um bem-humorado relato do que pode ser feito com o dinheiro levantado através das leis de incentivo para a produção cultural. Os seis minutos do curta coroam a “gastança”.



Em resumo, o diretor vai viajando, se hospedando, comendo e o dinheiro vai acabando. Legendas ajudam na contagem regressiva. O “the end” só acontece quando os zeros passam a povoar a conta bancária da produção do filme.



A crítica bem humorada abriu uma discussão sobre os produtos que são patrocinados com dinheiro público e os mais radicais devem ter refletido se o diretor não sabia sobre os filmes que viriam após o dele.



Filmes sonolentos se seguiram, mas nem tudo foi sofreguidão nas poltronas do cine Metrópolis. O chileno "Fear" tem um roteiro original, explora bem a problemática do medo e a paralisia que ele provoca no ser humano. Com isso abriu uma reflexão filosófica e sociológica sobre seus resultados na vida humana, mas pecou por ser um curta longo demais para o que propunha. Na metade do filme a plateia já havia entendido o que o autor queria dizer. Pelo menos é o que se espera.



"Narciso no Mijo" decepciona. A ideia original de parodiar a história do mito de Narciso, que morreu apaixonado por sua própria imagem refletida na água – no filme o reflexo se dá em uma "mijada" do próprio personagem no chão – é boa, mas o roteiro carece de um algo mais, um desfecho maior, algo além de um ferro de passar salvador.



A mostra continua esta semana. Agora é torcer para que as próximas exibições sejam melhores e que a metade do público não levante para ir embora antes do final. Esta sexta-feira (10/04) tem mais uma exibição de curtas e o Sacada ainda acredita que pode valer a pena ir à Ufes conferir.



NOTAS


– Os filmes da mostra, que estão sendo exibidos em Belo Horizonte e Vitória, são uma seleção do curador Jorge La Ferla, professor da Universidade de Buenos Aires e diretor artístico da Mostra Euro-Americana de Cinema, Vídeo e Arte Digital.



– A mostra exibida na capital capixaba demonstra que Vitória está credenciada a fazer parte do circuito alternativo de cinema. O público foi expressivo e a garotada intelectual sempre fica em polvorosa. Que se torne cada vez mais comum.



– Tudo bem que o mundo está globalizado, mas filmes em espanhol sem legenda não ajudam muito na apreciação da produção. Em Vitória ainda se fala português.



– “Acanhadinho” o cartaz na porta do cine Metrópolis. Os menos desavisados podiam chegar e achar que a mostra foi cancelada.




SERVIÇO


Sexta-feira (10 de abril) às 21h – Palestra com Jorge La Ferla, curador da mostra, e exibição dos filmes "Preparação II" (Brasil, 1976, 8 minutos), de Letícia Parente; "The Space Between the Teeth" (EUA, 1977, 10 min), de Bill Viola; "Living with the Living Theatre" (EUA, 1989, 30 min), de Nam June Paik; "Girl Power" (EUA, 1992, 15 min), direção de Saddie Benning; e "Carlos Nader" (Brasil, 1998, 15 min), de Carlos Nader .



Dia 17 de abril, às 21h – Exibição dos filmes "En Mi Menor" (México, 2002, 12 min), de Neyeri Ávalos; e "Balaou" (Portugal, 2007, 77 min), de Gonçalo Tocha.


Dia 24 de abril, às 21h – Exibição do filme "Los Rubios" (Argentina, 2003, 89 min), de Albertina Carri.

O cine Metrópolis fica no campus de Goiabeiras da Ufes, em Vitória. Entrada franca. Site www.itaucultural.org.br


Fonte serviço: Itaú Cultural.

2 comentários:

Ryan disse...

Fui à Mostravídeo e tive a mesma opinião do blogueiro. Na verdade, com exceção do primeiro vídeo, que faz a crítica sobre os patrocínios culturais no Brasil, todos os outros são extremamente sonolentos. Prova disso é que boa parte do público já havia se retirado depois do quarto vídeo, quando perceberam que a coisa não ia melhorar mesmo! Uma pena que a primeira sessão da mostra tenha sido tão ruim e desestimulante, pois eu duvido que quem esteve presente nesta sessão, vá comparecer nas próximas.

Jiulianna Santiago Andrade disse...

É uma pena que um evento tão importante tá tenha o apoio dos meios de comunicação. Ainda bem que tem esse Bolg!!
Na realidade o desestimulantes filmes não devem ser sinônimos de abondono à cultura devemos ir justamente para isso ver que realmente precisa melhorar ou que é ótimo...
Os jovens e pessoas de qualquer idade devem dar apoio e principalmente prezar por uma cultura que é pouquíssima em nosso Estado.