quarta-feira, 29 de abril de 2009

Um filme para Baby e o palco para o Brasil


Por Anderson Cacilhas

Foto: Divulgação


Os Novos Baianos estão de volta. E para quem morre de saudade do som que reúne as maravilhosas distorções da guitarra de Pepeu Gomes com o swing e a sofisticação da MPB pode ficar mais feliz ainda. Baby do Brasil, a eterna Baby Consuelo, vai estar nas próximas apresentações e terá sua vida documentado em um longa-metragem que leva seu nome.

Depois da homenagem no carnaval de Salvador pelos 40 anos de surgimento dos Novos Baianos, que teve a participação da agora evangélica Baby do Brasil, o grupo se prepara para se juntar mais uma vez e fazer uma primeira aparição em São Paulo . Depois eles vão ganhar a estrada de todo o país com a Baby na garupa.

Se isso vai acontecer mesmo só o tempo dirá, mas pelos menos tudo vai ficar registrado para as devidas observações. Os cineastas Rafael Saar e Eduardo Silva, do Rio de Janeiro, iniciaram em Salvador, durante o carnaval deste ano, as filmagens do documentário "Baby do Brasil".

O longa-metragem vai contar a história de sua vida e carreira e será montado a partir de entrevistas com a cantora, material de arquivo e filmagens de seus shows e cultos.

As influências musicais, a espiritualidade, a voz, o corpo, o visual, as cores e a família farão parte deste caleidoscópio cinematográfico que pretende abranger todas as fases da vida da artista, desde os Novos Baianos, passando pela carreira solo como Baby Consuelo, até sua vida religiosa.

Ainda em fase de captação de recursos, o longa já começou a ser filmado em Salvador e agora vai viajar à São Paulo para a retomada dos shows da turma de Baby, Pepeu e Moreira.


COMO ANTES

E não pára por aí o retorno de Baby. Ela já prepara um CD. É a onda retrô invadindo mais uma vez a cena musical. A trajetória brilhante e talentosa dos Novos Baianos merece uma Baby como nos velhos tempos: vigorosa, intrigante e dona de uma presença de palco emocionante.

Pode sonhar em rever o velho grupo quase anarquista que ousou viver do modo como achava conveniente em um sítio de Jacarepaguá e que “andava” para as gravadoras inaugurando uma nova era musical com a mistura de rock, samba, frevo e muitos outros.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Filme que não foi feito rouba cena no Metrópolis





Por Anderson Cacilhas



A primeira noite da Mostravídeo Itaú Cultural foi palco para um filme “não realizado”. "Ação e Dispersão", de Cezar Migliorin, foi a melhor película exibida entre filmes pouco empolgantes e que, em alguns casos, perderam a oportunidade de causar furor na platéia.



O filme de Migliorin é um bem-humorado relato do que pode ser feito com o dinheiro levantado através das leis de incentivo para a produção cultural. Os seis minutos do curta coroam a “gastança”.



Em resumo, o diretor vai viajando, se hospedando, comendo e o dinheiro vai acabando. Legendas ajudam na contagem regressiva. O “the end” só acontece quando os zeros passam a povoar a conta bancária da produção do filme.



A crítica bem humorada abriu uma discussão sobre os produtos que são patrocinados com dinheiro público e os mais radicais devem ter refletido se o diretor não sabia sobre os filmes que viriam após o dele.



Filmes sonolentos se seguiram, mas nem tudo foi sofreguidão nas poltronas do cine Metrópolis. O chileno "Fear" tem um roteiro original, explora bem a problemática do medo e a paralisia que ele provoca no ser humano. Com isso abriu uma reflexão filosófica e sociológica sobre seus resultados na vida humana, mas pecou por ser um curta longo demais para o que propunha. Na metade do filme a plateia já havia entendido o que o autor queria dizer. Pelo menos é o que se espera.



"Narciso no Mijo" decepciona. A ideia original de parodiar a história do mito de Narciso, que morreu apaixonado por sua própria imagem refletida na água – no filme o reflexo se dá em uma "mijada" do próprio personagem no chão – é boa, mas o roteiro carece de um algo mais, um desfecho maior, algo além de um ferro de passar salvador.



A mostra continua esta semana. Agora é torcer para que as próximas exibições sejam melhores e que a metade do público não levante para ir embora antes do final. Esta sexta-feira (10/04) tem mais uma exibição de curtas e o Sacada ainda acredita que pode valer a pena ir à Ufes conferir.



NOTAS


– Os filmes da mostra, que estão sendo exibidos em Belo Horizonte e Vitória, são uma seleção do curador Jorge La Ferla, professor da Universidade de Buenos Aires e diretor artístico da Mostra Euro-Americana de Cinema, Vídeo e Arte Digital.



– A mostra exibida na capital capixaba demonstra que Vitória está credenciada a fazer parte do circuito alternativo de cinema. O público foi expressivo e a garotada intelectual sempre fica em polvorosa. Que se torne cada vez mais comum.



– Tudo bem que o mundo está globalizado, mas filmes em espanhol sem legenda não ajudam muito na apreciação da produção. Em Vitória ainda se fala português.



– “Acanhadinho” o cartaz na porta do cine Metrópolis. Os menos desavisados podiam chegar e achar que a mostra foi cancelada.




SERVIÇO


Sexta-feira (10 de abril) às 21h – Palestra com Jorge La Ferla, curador da mostra, e exibição dos filmes "Preparação II" (Brasil, 1976, 8 minutos), de Letícia Parente; "The Space Between the Teeth" (EUA, 1977, 10 min), de Bill Viola; "Living with the Living Theatre" (EUA, 1989, 30 min), de Nam June Paik; "Girl Power" (EUA, 1992, 15 min), direção de Saddie Benning; e "Carlos Nader" (Brasil, 1998, 15 min), de Carlos Nader .



Dia 17 de abril, às 21h – Exibição dos filmes "En Mi Menor" (México, 2002, 12 min), de Neyeri Ávalos; e "Balaou" (Portugal, 2007, 77 min), de Gonçalo Tocha.


Dia 24 de abril, às 21h – Exibição do filme "Los Rubios" (Argentina, 2003, 89 min), de Albertina Carri.

O cine Metrópolis fica no campus de Goiabeiras da Ufes, em Vitória. Entrada franca. Site www.itaucultural.org.br


Fonte serviço: Itaú Cultural.