segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Um lar para chamar de seu?


Interessante. É o máximo que pode-se dizer do longa "Nosso Lar". Assisti aos 48 do segundo tempo, no Jardins 1, em Vitória, mas o apelo do tema "vida após a morte" e também da figura de Chico Xavier, que psicografou o livro de mesmo nome que deu origem ao filme, já havia levado mais de 3 milhões de pessoas ao cinema rendendo mais de R$ 28 milhões com a distribuição da Fox.

Assistindo o filme de Wagner de Assis ficamos pensando em como aquela história deve ser boa, e porque é contada de forma arrastada e melancólica. Fica a impressão que "Nosso Lar" nada mais é que uma cidade futurista de Guerra nas Estrelas, mas com efeitos especiais forçados. Sabe aquela paisagem de fundo que todo mundo percebe que é cenário? Rola em uma das cenas. Ainda assim há cenas bem feitas onde os efeitos convencem, mas entendo porque o MinC não levou o filme para Los Angeles.

A atuação de Renato Prieto não é boa e compromete a história, já que é ele o ponto central, quem conta tudo para nós. Participações pequenas demais de Othon Bastos, Paulo Goulart e de Ana Rosa, são um alento no meio de uma história com um apelo tão inteligente e bem construído, mas com um roteiro que tenta te convencer o tempo todo do contrário, já que insiste em utilizar um tom chato de sermão, tentando, de certa forma, desqualificar quem não acredita na doutrina espírita. Filmes com temáticas religiosas, sejam elas quais forem, correm este risco, em especial quando abandonam a história e se dedicam a serem doutrinários. O filme deve ser uma obra de arte para todos, mas este parece ter sido feito apenas para quem acredita na doutrina espírita.

Ficou a sensação de que aquele não era exatamente "Nosso Lar" e a certeza que será preciso um outro filme sobre a cidade dos espíritos com um roteiro mais convincente para que este lar arrebate seus moradores, ou melhor seu público.

De qualquer forma é bom que filmes nacionais levem multidões ao cinema e que temas dos mais variados se transformem em matéria prima para a indústria cinematográfica emergente tupiniquim que tem tudo para conquistar plateias em todo o planeta, como já vem ensaiando a algum tempo.