terça-feira, 28 de julho de 2009

Espetáculo capixaba ganha o Rio e volta aos palcos de Vitória


Você já ficou repetindo uma palavra até ela perder o sentido?

Por Anderson Cacilhas

Após sucesso no Rio de Janeiro o espetáculo “A Menina” volta aos palcos de Vitória e os capixabas terão outra chance para assistir o monólogo nos próximos dias 1 e 2 de agosto no teatro Carlos Gomes. Nos dias 15 e 16 a atriz Fabíola Buzim repete a dose, desta vez no teatro da Ufes.

Sucesso de crítica no Espírito Santo e muito aplaudido no Festival de Teatro de Rua das Agulhas Negras, em Resende, no Rio de Janeiro, a peça é uma adaptação do conto “Menina”, de Ivan Ângelo.

Fabíola surge no palco como Ana Lucia, uma mulher adulta, mas às voltas com uma passagem de sua infância. No centro da história uma palavra: desquitada. A partir daí Ana Lucia inicia uma viagem sobre o desconhecido. Sua mãe é desquitada e as colegas da escola usam a desconhecida palavra para intimidá-la, acusá-la.

O belo texto abre caminhos para reflexões sobre as relações familiares, a infância, a escola, a própria vida.

Intrigante e em busca deste sentido, o espetáculo cria uma serie de jogos cênicos com a platéia e com os diversos personagens interpretados pela própria Fabiola Buzim. Dirigido pela cineasta Virginia Jorge, a peça se mostra como um solo cênico influenciado pelo teatro essencial onde a força do ator basta para que a história seja contada.

“A Menina” já tem espaço garantido nos palcos cariocas. Fará uma temporada de um mês em setembro no Rio de Janeiro. Antes disso, uma escala no Festival de Inverno de Ponte Nova, em Minas Gerais, no dia de 7 de agosto.

Por onde passa o espetáculo comove ao mesmo tempo em que faz rir. Foi assim no presídio feminino de Tucum, em Cariacica, no Viradão Cultural de Vitória, na Escola de Teatro e Dança Fafi e no Rio de Janeiro. Mais de duas mil pessoas já assistiram “A Menina”.

PRODUÇÃO

A produção do espetáculo “A Menina” envolveu uma equipe de 18 profissionais das áreas de cinema, música, teatro, comunicação e moda. Foram 15 meses de pesquisa de linguagem, treinamento, ensaio e criação artística. O resultado foi um espetáculo leve e especial.

A premiada cineasta Virginia Jorge aceitou o desafio de dirigir o espetáculo. Ela já ganhou o prêmio de Melhor Curta-metragem em 35mm, segundo a crítica, no 8º Festival Internacional de Curtas-metragem de Belo Horizonte. No 34º Festival de Cinema de Gramado, ganhou o Prêmio Especial do Júri e Melhor Roteiro e no 11º Festival Brasileiro de Cinema de Miami ganhou os prêmios de Melhor Direção de curta-metragem e Melhor Filme de curta-metragem.

A trilha sonora é original, criada pelo músico Juliano Gauche, vocalista da banda Solana, e a concepção do figurino é inspirada no “Parangolé”, obra do artista plástico Hélio Oiticica, concebida pela figurinista Luiza Fardin.

SERVIÇO

Teatro Carlos Gomes

1 e 2 de agosto

Horário: 20 horas

Valor: R$ 14,00 (inteira) / R$ 7,00 (meia para idosos, jornalistas, artistas, professores e estudantes, além de quem levar o flyer).

Ingressos na bilheteria do teatro.

Passaporte Cultural: Empresas interessadas em levar seus funcionários ao espetáculo pagarão preço especial e devem entrar em contato com a produção: Gabriela Buzim (9849-0287) ou Jihany Rangel (27-9717-4328).

Teatro da Ufes

15 e 16 de agosto

Horário: 20 horas

Valor: R$ 14,00 (inteira) / R$ 7,00 (meia para idosos, jornalistas, artistas, professores e estudantes, além de quem levar o flyer).

Ingressos na bilheteria do teatro.

domingo, 12 de julho de 2009

Quem tem outra opinião?


Se dar pitaco é uma mania nacional, uma das mais belas provas de que esta prática é uma das escadas para a evoluçao da nossa ideológica e conservadora sociedade é o espetáculo "Outra Opinião" do grupo Nós do Morro, uma trupe da favela do Vidigal, no Rio de Janeiro.

A montagem é inspirada na peça "Opinião" da década de 60 dirigida por Augusto Boal e que consagrou Nara Leão, Zé Ketti, João do Vale e Maria Bethânia com canções pertubadoras para as mentes incapazes de enxergar a vida.

O Nós do Morro consegue mexer com a platéia, pelo menos com quem tem a mínima capacidade de ver que todas as indagações colocadas sobre a família, o sexo, a religião e até mesmo o amor, entre outras, revelam a fragilidade dos conceitos impostos pela ideologia estabelecida e que dita as regras da sociedade atual.

Os depoimentos, muitos trazidos de experiências dos próprios atores, são intrigantes e reveladores de uma realidade não percebida. As músicas de Marisa Monte, Pedro Luiz e a Parede, Arnaldo Antunes e Cordel do Fogo Encantado, entre outros, completam a atmosfera reveladora de uma outra realidade ofuscada pela que o "mundo real" insiste em mostrar.

"Outra Opinião" faz você acreditar que é possível ver as coisas de outra maneira e dá coragem para que os inquietos revelem suas revoluções para o mundo sem medo da espiral do silêncio que oprime os inteligentes.

Espetáculo imperdível com direção de Paulo Giannini e que ainda está em cartaz no Centro Cultural da Justiça Federal, na Cinelândia, Centro do Rio de Janeiro, e que um feliz jornalista e comunicólogo teve a satisfação de assistir. Vida longa e tomara que pise os palcos de Vitória para que capixabas também compartilhem de outras opiniões.